quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Minha sorte galopante


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Um dia meu cara chegou.
Eu sabia que ia acontecer, porque eu queria muito. A sensação de estar apaixonada por ele me matava, e achava eu, que me desprenderia depois de sexo, afinal ele nunca estava lá pra ser um namorado. Eu merecia mais que isso.

Com ele longe, era saudades, muitas mensagens no celular, ligações e mais saudades. Eu não conseguia me interessar por ninguém, conhecer ninguém.. como contei antes, me reservei bastante nesse relacionamento estranho, que certamente era só na minha cabeça, mas foi de tudo bom.

Se eu for contar sobre a roupa que vesti, eu mentiria, não me lembro mesmo. Acho que teve chuva, talvez um mês de janeiro.. começo a pensar que janeiro é meu mês de realizações.

Acho que foi uma vez que ele me pegou na porta da igreja, eu estava saindo de uma missa comemorativa de casamento dos meus pais, dia 05 talvez.. quarta feira com certeza.

Fomos à orla, conversar como sempre, acho que nós nunca comíamos.. não juntos.
É realmente, estava um tempinho chato, chuva fina, ficamos muito tempo no carro. Conversa, amassos, enfim a coisa esquenta, afinal impossível ele não perceber que eu o queria naquela noite. Eu estava pior que gata no cio, talvez nem tanto.

Lembro-me do toque, minha pele arrepiava, o beijo era muito bom, eu estava com as mãos sobre a pele dele por baixo da camisa, banco reclinado do kadett vermelho, ele tirou a camisa, desceu no chão e tirou minha calça ou saia que eu usava, acho que começo a me lembrar de uma blusa branca extremamente colada, a essa altura já desamarrada, mas ainda em mim. 

Ele me fez um oral, eu entendi o que era orgasmo ali, eu me senti não só gostando do sexo, mas correspondendo à ele naquele momento. Tudo parecia em câmera lenta. Ele levantou a cabeça e me fez a pergunta que me martirizou por alguns instantes.. me perguntou se eu era virgem. O que responder à ele.. um zilhão de pensamentos na cabeça e entre gemidos suspirei um não envergonhada.
Ele subiu então por cima de mim e me penetrou. Foi perfeito. Era o que eu queria, ser dele.
A imagem que tenho desse momento é de uma cabeça de um cavalo sobre uma ferradura, um pingente de ouro que ele tinha no pescoço. Um talismã talvez..

Usamos preservativo, mas eu desejei ter um filho dele, só pra ver o sentimento que eu tinha por ele ter vida própria. Desejo insano.

Nos encontramos uma vez mais depois de um longo tempo, foi um tanto estranho. Eu me oferecia com um vestido de forro transparente, e ele como sempre cavalheiro, gentil, divertia-se. Gostei do seu vestido, dizia. Eu desejando que ele fosse tirado. Ele devia ver muito isso, mulheres disponíveis. 
Depois em outro lugar, no carro, lembro-me da estranheza de sua voz ao falar, e começei a me sentir desconfortável. Foi horrível.
As ligações nos últimos tempos haviam diminuido o ritmo e o teor, emails não eram mais respondidos e de longe divertidos..  foi aí que o conselho da minha colega me fez sentido. Pelo menos eu não era a tola virgem. Bem virgem não, mas tola, claro que fui. De qualquer forma foi bom.
Ele me mostrou um álbum de sua época como modelo, o qual eu já havia escutado sobre, ele mostrou no ano que nos conhecemos à outras garotas pelo comércio na cidade, em cidade pequena é difícil ter segredos. Mas isso não me incomodava.


Depois me mostrou um pequeno álbum de suas filhas, 2 garotas lindas, a mais velha era idêntica à ele, só que mais feminina e cabelos compridos. Olhei as fotos emudecida, achei que a próxima coisa que me diria é que era casado.. me envorgonhei, como ele não disse, eu perguntei. Divorciado foi a resposta. Se eu questionei alguma coisa mais nem me lembro, mas isso não me fez ficar menos decepcionada.

Voltei para o banco da frente, e o celular dele da sinal de mensagem recebida, enxergo a seriedade em seu olhar, meu Deus como eu queria sumir dali, um misto de ciúmes e arrependimento me invade a alma, me atrevo a perguntar com a voz falha o que era, e ele pensa um pouco e me diz que uma amiga acabou de falecer por cancêr. Fiquei triste por ele, lamentei, mas não fiquei menos desconfortável.

Não demorou muito e ele me levou pra casa. Não me lembro a forma que encontramos ao nos despedir, mas eu sabia que era a última vez que nos veríamos.
O som do carro se distanciando, foi o pior som do mundo.

Entrei no meu quarto, e minha mãe entrou em seguida.. desmoronei em choro.

Eu o conheci com 18 anos, em 2005 e aos 22 tudo acabou, não restando nem um fio de chance pra qualquer coisa entre nós. Não existia nós.


Logo engatei uma outra jornada na minha vida que vai me distanciando de desencontros amorosos.
Pelo menos é o que eu achei por muito tempo.

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